A mesa de encerramento do 1º Encontro de Pesquisadores em Gastronomia do Brasil teve como temática a Pesquisa e Divulgação Científica na Gastronomia e será mediada por Daniela Minuzzo (UFRJ) e contará com a participação de:
Paulo Machado Sousa (UFC) – Coordenador do 1° Mestrado em Gastronomia da Universidade Federal do Ceará;
Ivan Bursztyn (UFRJ) e Rodrigo Cotrim (USP/UFRJ) – Editores do mais recente periódico científico dedicado a Gastronomia “Mangút: Conexões Gastronômicas”, cuja chamada para submissões será lançada no evento;
Breno de Paula Andrade Cruz (UFRJ) – Organizador das coleções “Gastronomia: ensino, pesquisa e extensão” e “Gastronomia, Gestão e Sustentabilidade”;
Cláudia Soares e Myriam Melchior (UFRJ) – Considerações finais sobre o 4° Encontro Gastronomia, Cultura e Memória e sobre o 1° Encontro de Pesquisadores em Gastronomia do Brasil.
O IV Encontro de Gastronomia, Cultura e Memória é um evento de extensão vinculado ao Projeto de Extensão “Pirapoca: o milho e a memória indígena na cultura alimentar brasileira”. Criado em 2014, por um grupo de alunos e professores do Curso de Gastronomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Pirapoca visa divulgar e valorizar o milho nativo e as tradições dos povos indígenas brasileiros. Por inventar modos de pensar a memória e a cultura alimentar, o Pirapoca deu origem a outros produtos, ações e incorporou novos objetos. Dentre as atividades que desenvolvemos, já realizamos o plantio experimental do milho e oficinas lúdicas e artísticas em escolas da rede pública. Atualmente, estamos elaborando atividades para o Museu Casa do Pontal, articulando a arte popular com a gastronomia, além de promover a construção da biblioteca virtual do milho e a consolidação do grupo de pesquisa, pautado pelo estudo da Gastronomia tendo como foco a Cultura e a Memória Social.
A partir destas áreas de saber, investigamos, além da “cultura brasileira em torno do milho”, que foi o tema do I Encontro, temáticas diversas em gastronomia. A escolha dos temas a serem abordados em nossos encontros é realizada pelo público ao final de cada evento. Foi assim que os temas dos nossos II e III Encontros trataram, respectivamente, das “Cerâmicas, Potes e Vasilhames” (2017) e dos “Açúcares” (2018), quando passamos a editar os Eventos com a periodicidade bianual. Entre nossos produtos, ocorre a edição de livros na versão impressa e virtual contendo os temas das palestras e também os Anais com os trabalhos apresentados. Neste IV Encontro teremos o lançamento do livro da coleção Gastronomia, Cultura e Memória com o subtítulo “Açúcares”, o tema de 2018. Com esta publicação consolidamos os objetivos de divulgar e colocar em conexão os assuntos já discutidos em edições anteriores com as novas discussões, sempre considerando o olhar e a abordagem dos assuntos escolhidos segundo perspectivas multi e transdisciplinares.
Por fim, os objetivos desse Encontro incluem o diálogo com a sociedade e a criação de fontes de conhecimentos que possam contribuir para políticas de valorização dos alimentos brasileiros, seus artefatos, rituais e tradições, bem como dos profissionais gastrônomos, dos trabalhadores rurais, das populações e povos vulneráveis e da cultura alimentar brasileira. Buscamos também propiciar o intercâmbio, a interdisciplinaridade e multidisciplinaridade entre todos os campos de saberes que resultem na formulação de novos conhecimentos para o campo de Estudos em Alimentação e Cultura, entre outros.
Este ano o GCM acontecerá em parceria com a Semana Acadêmica da Gastronomia e abrigará o 1º. Encontro de Pesquisadores em Gastronomia do Brasil. O evento será realizado no formato online via plataforma ZOOM e transmitido por Youtube.
Webnário: Comida de casa e comida de rua: comportamento e consumo na atualidade.
O encontro deste dia buscou refletir sobre alimentação na atualidade a partir de dois espaços sociais que em si implicam estruturas e dinâmicas distintas, porém dialógicas: a casa e a rua.
O encontro de palestrantes com perfis e perspectivas diferentes e complementares tem o objetivo de pensar estes espaços para além dos seus contornos territoriais, mas também os entendendo como esferas de ação social e domínios culturais ‘institucionalizados’ que despertam emoções, reações, leis e narrativas próprias, como propôs pensar o antropólogo brasileiro Roberto DaMatta através do livro: ‘A casa e a rua’.
Iniciamos a sessão com uma breve contextualização do tema através do mediador Rodrigo Cotrim (docente em Gastronomia UFRJ/SENAC RJ), assim como a apresentação dos perfis dos convidados e convidada do dia.
Em seguida, o antropólogo Ramiro Unsain (USP/UBA) fez uma introdução ao tema da casa e da rua como espaços sociais, a partir de sua experiência como pesquisador com histórico de estudos em gênero, saúde e corporalidades. A proposta da fala de Ramiro foi provocar reflexões para pensarmos estes espaços em suas complexidades e implicações.
Na sequência, Christian Grecco (Hug The Food), que é Chef e Consultor Gastronômico abordou temas mais relacionados às dinâmicas comerciais que envolvem empreendimentos gastronômicos que sofreram drásticos impactos com a pandemia e precisaram repensar seus modus operandi. Assuntos como a modalidade delivery, o crescimento das dark kitchens, e ‘novas’ imposições como hospitalidade e acessibilidade servirão de preciosas atualizações sobre como andam as dinâmicas ‘lá fora’, na rua.
Para dar uma dimensão das estruturas e dinâmicas do comer (e cozinhar) em casa, a nutricionista Mayara Sanay (USP) abordou o tema a partir de sua tese de Doutorado e de sua experiência em atendimento clínico, trazendo elementos para pensar contextos específicos e suas comidas relacionadas.
‘A festa de Babette’ é uma história que me toca num lugar muito sensível e me emociona em diferentes níveis. Em especial a passagem ‘no mundo todo, um longo lamento é emitido pelo coração do artista: permitam-me dar o máximo de mim!”.
Não sei se será o melhor de mim, mas será o possível dentro do contexto, das dores, das possibilidades. Uma invocação, um chamado de volta, antigas e novas parcerias dando vida novamente a um sonho, a um desejo, a encontros poéticos à mesa.
O projeto é 100% gratuito e aberto para estudantes, professores e profissionais da área da gastronomia, assim como interessadxs pela gastronomia de forma geral.
Ao todo são 15 palestras ministradas por cozinheiros (as) e professores(as) pesquisadores (as) em transmissões de diversas regiões do Brasil e Portugal, e tem por objetivo tratar de variados assuntos sob a ótica da gastronomia, informar e trazer à tona discussões vitais para a formação de uma gastronomia mais responsável e que dialogue na construção de uma sociedade mais justa para todos.
A intenção desta palestra foi provocar reflexões sobre o olhar da Gastronomia para questões onde a casa entra como analogia para despertar o senso de oportunidade em estudantes e profissionais da área, sobretudo em tempos de restrições e ressignificações de espaços e relações’.
Cozinhas profissionais e domésticas além de espaços de produção de comida por excelência, são territórios simbólicos de demarcações políticas e refletem estruturas e relações socialmente construídas ao longo de períodos e marcos históricos. Identidades, papéis sociais e relações de poder estão imbricados num sistema complexo que opera em diferentes níveis, dos mais concretos relacionados às diferentes regiões aos mais sutis relacionados às relações sociais estabelecidas.
O debate com Daniela Minuzzo se concentrou na relação entre cozinhas profissionais e domésticas e gênero, marcador social relevante quando observamos a estrutura social posta no contemporâneo. Discutimos fundamentalmente sobre identidades plurais e reivindicações de equidade.
O debate aconteceu como parte da programação do Festival do Conhecimento, realizado pela UFRJ em julho de 2020 e está disponível no YouTube.